Com a alma vestida de negro chego à tua casa. Aquela que foi a minha casa em tantas tardes soalheiras em que me cantavas modas improvisadas qua saltavam da tua boca com tão poucos dentes já no final.
Lembro-me do teu sorriso, do teu olhar prescutante quando ou os outros inventávamos uma desculpa para termos chegado atrasados para o almoço... Como riamos quando sorvias a sopa!
Gosto de recordar as tardes frias que cheiravam a lenha queimada, em que assavas chouriço para nós e nos contavas a tua vida de homem do campo que lutou para sustentar uma família inteira enquanto viviam numa malhada de palha... Com uma televisão!
Via-te cada vez mais encurvado, com cada vez menos visão... “Onde está o comprimido?”
Mas o sorriso com que nos acolhias, a disposição com que nos brindavas... Essa nunca desapareceu. Nunca!
Entro na casa de três gerações e não há luz. Não há o teu pigarrear ao fundo da escada a anunciar a tua chegada [aguço o ouvido para ver se o oiço]. Não há risos. Apenas interrogações.
Revolta.
Foste-te embora e levaste as palavras contigo.
Mas eu não questiono. Quiseste. Fizeste.
Lembro-te como és. Da tua essência. Estás vivo em mim e em todos os espíritos que alumiaste.
Tuesday, January 20, 2009
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
Como te entendo....
Também ´passei por isso...Com duas das pessoas que mais AMO na minha vida...
Mas estáo vivos dentro de nós...Sem duvidas!!!
Não consigo dizer muito....Deixo-te um SUUUUUrrisinhos!!
Post a Comment