Hoje enquanto descia um ladrilhado labiríntico ridículo dei por mim a pensar que gostaria de ser uma antítese.
Naquele momento quis ter colado ao meu corpo um vestido preto , bem curto, que deixasse entrever a figura esquálida que não tenho e que denunciasse a tonalidade pálida e macilez da minha pele , em baixo mostraria as ligas das meias pretas que terminavam em sapatos com salto agulha de verniz roxo.
Sem óculos de sol, os meus olhos perdidos, esborratados de preto olhariam para as faces chocadas a passar e o batôn vermelho disperso pelos lábios e pela área envolvente ,receberia com prazer o falso conforto de um cigarro.
Queria ser uma visão da decadência e chocar criancinhas e paizinhos, na ilusão de que sou alguém especial, diferente, mesmo provocando reacções adversas à minha figura.
Mas era feliz.
Naquele momento quis mostrar ao mundo que não quero ser convencional, que não quero dizer que tenho valores, mas tê-los realmente. Quis chocar, para mostrar que não faço parte deles.
Cheguei a casa, fiz festas ao cão, beijei a mãe e a normalidade quis apossar-se de mim mas aquela heroína decadente permanecia na minha mente afastando qualquer pensamento sorumbático, lembrando-me que há uma parte de mim que permanece intacta: a ferocidade de uma alma que se quer fazer ouvir. Por acções ou palavras.
Friday, August 15, 2008
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1 comment:
O que se quer fazer ouvir tem muita força :) Fico contente de te ver escrever de novo!
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