Wednesday, September 19, 2007

Ser...

Às vezes acordo e sinto o meu Corpo demasiadamente largo para a minha Alma. Como se ela flutuasse lá dentro sem fio que a prenda, sem nada que a agarre...

Então anda por ali, perdida e oprimida num corpo com nome que se movimenta automaticamente.Os gestos repetidos dia após dia.

E ela castiga-o (a Alma é mulher ): tenta escapar, olhar para ele de longe e ridicularizá-lo. "Que coisa tão obscena que és!" diria ela. "Olha só para ti, cheio de carne, nervos, sangue... Vou fugir ouviste?!Vou desassociar-me de ti, ó matéria ignóbil! Estás a ouvir?!"

O Corpo, esvaziado mira-la-ia com olhos baços, sem emoção e não responderia.

Perante o seu Silêncio a Alma afastar-se-ia. Perder-se-ia no etéreo.

Não muito tempo depois começaria a definhar. Faltar-lhe-ia ver, ouvir,cheirar,saborear,tocar... É algo por si, mas não é tudo. Quer sentir e fazer-se grande, cescer muito e mais.

Com mãos de nada acaricia o Corpo e diz condescendente: "Tens feito um bom tabalho,tu,até aqui...Agora vá! Beija-o que eu quero ajustar-me a ti..."

Com os olhos brilhantes e sorridentes ele avança. E sente.

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