Franzina, com a pele engelhada e macilenta, camisola de lã (seja Inverno seja Verão), saia às pregas e uma dentadura muito branca que ameaça ser disparada na nossa direcção, tal é a abertura do sorriso.- Ó menina chegue aqui!
Foi assim que conheci a avó de todos nós. A Mãe da Eva mitocondrial.
-Não consigo fechar a minha janela!
- Então vamos lá ver o que podemos fazer...
Casa bafienta, alcatifada de vermelho e de poeira. Fotografias dos filhos esquecidos (porque tinha tantos filhos podia-se dar ao luxo de os esquecer!), sorridentes, com as famílias reunidas para a fotografia que foi dada no Natal à Mãe, porque está tão velhota que o melhor é nem gastar muito dinheiro em prendas...
Fecho a janela que não carecia de grande força.
-Ai menina obrigada! Deus a abencoe!
Assim abençoada pela Velhiçe segui o meu caminho sentindo que tinha um papel especial na vida da minha Avó Primordial.
Uns dias depois vi a minha querida avózinha a perguntar as horas a uma pessoa que passava pela sua porta.
-Mas eu sou especial Avó já te esqueceste de mim?- gritei eu silenciosamente.
Passei a medo sem olhar- Oh menina.- é o meu nome secreto- Que horas são?
Sorri e disse: - Um quarto para as quatro.
Ela sorriu e disse silenciosamente:- Os avós nunca se esquecem dos netos.
Friday, October 14, 2005
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