Sunday, September 04, 2005

Doroteia Sai Sozinha

Doroteia gostava de escrever pequenas histórias onde fosse a heroína. Doroteia era uma miúda à beira dos 20 anos com uma enorme dificuldade em viver ultimamente. Este é um texto retirado do seu caderno onde furiosa ou delicadamente (conforme o estado de espírito) expandia as emoções.

"- Vem, diverte-te. Bebemos uns copos e esqueçes o que te atormenta (o que quer que seja).
Foram estes argumentos que me arrastaram para fora de casa numa noite de Sábado (ainda hei-de perceber a obrigação de sair aos Sábados à noite).
23:30- Hora marcada
23:25- Saio de casa(o café é perto)
Passei pela esplanada. Ninguém.
Entrei no café. Ninguém.
Dei umas voltas ao quartirão e espreitei novamente. Ninguém.
Não estava a correr bem... A bola no estômago aumentou bastante. Sentei-me no parapeito de uma janela baixa de uma rua de trás.
A rua era escura.
Passou um carro, outro. Mas não havia sinal...
Oitava chamada para o telemóvel. Nada...
Enchi-me de coragem(vinda sabe-se lá de onde) e sentei-me numa mesa da esplanada... Ninguém olhava para mim, mas sentia-me como se me estivesse a chover em cima e eu me tivesse esquecido do chapéu de chuva.
Paguei e fui-me embora. Afinal não foi assim tão dificil!"

A verdade é que esta foi das situações mais dolorosas que Doroteia teve de passar e escreveu isto com um maço de lenços de papel quase vazio a seu lado, a comer biscoitos de gengibre e a beber chá de tília...